O dízimo é um tema de grande relevância na vida cristã, pois está diretamente relacionado à obediência, fé e gratidão a Deus. Este estudo tem como objetivo oferecer uma compreensão aprofundada sobre o dízimo, embasada na Escritura Sagrada e contextualizada com aplicações práticas para a vida cristã moderna.
Você já se perguntou o que é o dízimo? A palavra “dízimo” significa “a décima parte”. Desde Gênesis até o Novo Testamento, o dízimo aparece como um ato de reconhecimento da soberania de Deus sobre tudo o que possuímos. Mais do que uma obrigação, é uma demonstração de gratidão, fidelidade e adoração.
O Dízimo no Antigo Testamento
O dízimo no Antigo Testamento é apresentado como uma prática de gratidão e reconhecimento da soberania de Deus. O primeiro registro bíblico está em Gênesis 14:20, quando Abrão, após uma vitória significativa, oferece espontaneamente o dízimo de tudo a Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo. Esse ato simboliza a compreensão de Abrão de que sua vitória foi concedida por Deus e demonstra sua gratidão.
Na Lei de Moisés, o dízimo foi formalizado como uma ordenança divina, com finalidades específicas: sustentar os levitas, que eram os ministros responsáveis pelo tabernáculo (Números 18:21-24), atender às necessidades dos mais vulneráveis e garantir o mantimento na casa de Deus. Essa instrução está claramente expressa em Deuteronômio 14:22, reforçando o papel do dízimo como uma prática contínua e estruturada para a vida do povo de Israel.
Em Malaquias 3:10, Deus faz um chamado à fidelidade ao dizer: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa.” Aqui, Ele repreende a infidelidade do povo e convida-os a confiar em Sua provisão, prometendo bênçãos abundantes para aqueles que obedecessem. Este texto ressalta a importância do dízimo como uma expressão de confiança e dependência do Senhor, reafirmando Seu papel como provedor.
O Dízimo no Novo Testamento
O dízimo no Novo Testamento é tratado de forma indireta, mas princípios relacionados à generosidade, mordomia e contribuição são amplamente ensinados. Embora o dízimo como prática específica não seja ordenado explicitamente, o Novo Testamento enfatiza valores que complementam e aprofundam os fundamentos estabelecidos no Antigo Testamento.
Em Mateus 23:23, Jesus repreende os fariseus, dizendo: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas e não omitir aquelas.” Esse ensino destaca que, embora o dízimo fosse praticado rigidamente pelos fariseus, faltava-lhes o entendimento de princípios mais profundos da lei, como justiça, misericórdia e fé. Jesus não condena o dízimo, mas mostra que ele não é suficiente se não estiver acompanhado de uma vida íntegra e compassiva.
Outro aspecto essencial no Novo Testamento é o princípio da generosidade, como enfatizado em 2 Coríntios 9:7: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.” Aqui, o apóstolo Paulo apresenta uma abordagem mais espiritual e voluntária em relação à contribuição. Não se trata de uma obrigação legal, mas de um ato de adoração, refletindo gratidão e confiança em Deus. Esse ensino reforça que a atitude do coração ao contribuir é mais importante do que o valor em si.
Além disso, o exemplo da Igreja Primitiva em Atos 2:44-45 mostra um comprometimento radical com o Reino de Deus: “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade.” Os primeiros cristãos demonstraram uma generosidade extraordinária, movidos pelo desejo de atender às necessidades uns dos outros e pela dedicação à obra de Deus. Esse comportamento evidencia uma aplicação prática dos ensinamentos de Jesus sobre amor e desprendimento material.
Portanto, no Novo Testamento, a prática de contribuir não se limita ao dízimo como obrigação, mas se expande para um estilo de vida marcado pela generosidade, pela partilha e pelo cuidado mútuo. Esse modelo desafia os cristãos a refletirem sobre sua mordomia, considerando não apenas o que ofertam, mas como suas contribuições expressam a fé, o amor e a confiança no Senhor. Assim, o dízimo, mesmo não sendo explicitamente ordenado, encontra continuidade em princípios mais amplos que envolvem a dedicação total a Deus e ao próximo.
O Dízimo Hoje: Por que é Importante?
- Reconhece a soberania de Deus: Ao dizimar, declaramos que tudo o que temos pertence ao Senhor (Salmos 24:1).
- Sustenta a obra de Deus: O dízimo permite a manutenção do ministério e o apoio aos necessitados (Filipenses 4:15-18).
- Fortalece a fé: Oferecer o dízimo exige confiança em Deus para suprir nossas necessidades (Filipenses 4:19).
Conclusão
O dízimo é mais do que uma prática religiosa ou uma obrigação financeira; é uma expressão profunda de gratidão, fé e confiança em Deus. Ao longo da história bíblica, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, vemos que a oferta do dízimo sempre teve um propósito claro: sustentar a obra de Deus e apoiar a comunidade de fé. No Antigo Testamento, o dízimo era usado para manter o serviço no templo e garantir que os necessitados fossem atendidos. No Novo Testamento, a ênfase recai sobre o espírito de generosidade e contribuição com alegria, refletindo um coração disposto a colaborar com a missão de Deus. Mas o que acontece com os dízimos que as igrejas recebem nos dias de hoje?
Hoje, as igrejas continuam a desempenhar um papel vital na sociedade, sendo um ponto de encontro para a edificação espiritual e apoio aos necessitados. A contribuição do dízimo possibilita a manutenção das atividades da igreja, permitindo que ela avance em sua missão. Por exemplo, o dinheiro do dízimo é utilizado na compra de materiais essenciais para a limpeza e manutenção do local de culto, garantindo que a igreja esteja sempre em condições adequadas para receber os fiéis. Além disso, a aquisição de bancos, utensílios e equipamentos também é necessária para proporcionar um ambiente confortável e funcional para todos.
Outro aspecto importante do dízimo é o suporte aos ministros da palavra, como os pastores. O pagamento de salários para aqueles que dedicam sua vida à obra de Deus é fundamental para que possam continuar a servir à comunidade sem a preocupação com o sustento diário. O dízimo garante que os líderes espirituais possam se concentrar em suas responsabilidades pastorais, pregando, ensinando e orientando os membros da igreja. Sem esse apoio financeiro, muitos pastores enfrentariam dificuldades para exercer plenamente seu ministério.
Além disso, os recursos provenientes do dízimo são essenciais para a realização de obras sociais e missionárias. Muitas igrejas utilizam uma parte do dízimo para ajudar os necessitados, seja fornecendo alimentos, roupas ou assistência a pessoas em situação de vulnerabilidade. O dízimo também pode ser destinado a projetos missionários que visam levar o evangelho a outras comunidades ou até mesmo a outros países. Dessa forma, o dízimo contribui diretamente para a expansão do Reino de Deus, não apenas dentro da igreja, mas também no mundo ao redor dela.
Em última análise, o dízimo é uma ferramenta poderosa para o avanço do Reino de Deus. Ele não apenas sustenta as necessidades práticas da igreja, mas também reflete a atitude de um coração generoso e obediente. Ao entender o propósito do dízimo e como ele pode ser utilizado para a edificação da igreja e o atendimento das necessidades da comunidade, os cristãos são desafiados a contribuir com alegria e gratidão, sabendo que sua oferta tem um impacto real e duradouro na obra de Deus. O dízimo, portanto, é uma forma de expressamos nossa fé em Deus, permitindo que Ele continue a trabalhar através da sua igreja para abençoar vidas e transformar o mundo.