No evangelho de João, capítulo 12, versículos 1 a 11, encontramos um relato profundo e significativo que ocorre seis dias antes da Páscoa. Este evento marca a unção de Jesus por Maria, irmã de Lázaro, em Betânia. Este episódio não só demonstra a devoção e o amor de Maria por Jesus, mas também prepara o terreno para os eventos cruciais que levariam à crucificação e ressurreição de Cristo.
Através deste estudo, exploraremos cada versículo desse trecho, buscando compreender melhor a importância desse ato, sua simbologia e as reações daqueles que estavam presentes. Este episódio nos oferece lições valiosas sobre adoração, sacrifício e a preeminência de Cristo em nossas vidas.
João 12:1 “Foi, pois, Jesus seis dias antes da páscoa a Betânia, onde estava Lázaro, o que falecera, e a quem ressuscitara dos mortos.”
Jesus viaja a Betânia, um lugar de grandes memórias e milagres, especialmente a ressurreição de Lázaro. Este contexto é crucial, pois marca o início de uma série de eventos que culminarão na Páscoa, a maior celebração judaica que prefigura o sacrifício de Jesus. A presença de Lázaro, ressuscitado por Jesus, simboliza o poder de Cristo sobre a morte, antecipando sua própria ressurreição.
João 12:2 “Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.”
Esta ceia é uma expressão de gratidão e celebração pela vida restaurada de Lázaro. Marta, sempre a servidora diligente, reflete um coração dedicado ao serviço. Lázaro, presente à mesa, é um testemunho vivo do poder e autoridade de Jesus.
João 12:3 “Então Maria, tomando uma libra de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento.”
Maria, em um gesto de extrema devoção e sacrifício, usa um unguento caro para ungir os pés de Jesus. Este ato simboliza não apenas reverência, mas também uma previsão da morte de Jesus, pois ela sabia que em breve não teria mais a oportunidade de expressar sua devoção a Jesus. Ao enxugar os pés de Jesus com seus cabelos, Maria demonstra uma humildade profunda e um amor abnegado, ecoando a humildade que Jesus demonstraria ao lavar os pés dos discípulos (João 13:5).
João 12:4 “Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse:”
Aqui, a narrativa apresenta Judas Iscariotes, cuja traição já está prefigurada. Este contraste entre a devoção de Maria e a hipocrisia de Judas sublinha a profundidade da adoração sincera versus a falsidade. Judas, que será lembrado por sua traição, questiona a ação de Maria, mas sua preocupação real não é com os pobres, mas com o dinheiro (João 12:6).
João 12:5 “Por que não se vendeu este unguento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres?”
Judas critica o ato de Maria sob o pretexto de uma preocupação com os pobres. No entanto, seu verdadeiro motivo era ganância, conforme revelado mais adiante. Este versículo ressalta a importância de discernir as intenções por trás das ações e de reconhecer a verdadeira adoração e sacrifício. Jesus ensina que o amor e a adoração sinceros têm um valor inestimável.
João 12:6 “Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava.”
O versículo esclarece as intenções de Judas, revelando sua desonestidade e ganância. Este é um lembrete poderoso de que as ações exteriores nem sempre refletem a verdadeira motivação interior. Hebreus 4:12 afirma que a palavra de Deus é capaz de penetrar até a divisão da alma e do espírito, das juntas e medulas, e é eficaz para discernir os pensamentos e intenções do coração. Jesus, conhecendo os corações, valoriza a genuína devoção de Maria acima das preocupações financeiras superficiais.
João 12:7 “Disse, pois, Jesus: Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto;”
Jesus defende Maria, explicando que seu ato é profético que também apontava para a morte de Cristo. Este versículo sublinha a importância da percepção espiritual e do reconhecimento dos momentos divinos em nossas vidas. Maria, através de seu amor e devoção, participa de um ato profético que honra Jesus.
João 12:8 “Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes.”
Jesus ressalta a singularidade de sua presença física e a necessidade de aproveitar esses momentos. Embora a ajuda aos pobres seja importante e contínua, a adoração a Cristo tem um lugar preeminente. Este versículo nos lembra de priorizar nosso relacionamento com Jesus acima de todas as coisas.
João 12:9 “E muita gente dos judeus soube que ele estava ali; e foram, não só por causa de Jesus, mas também para ver a Lázaro, a quem ressuscitara dos mortos.”
A ressurreição de Lázaro atrai muitos curiosos, mas também crentes. Este milagre serve como um testemunho poderoso do poder de Jesus, gerando interesse e fé entre os judeus. O impacto do milagre de Lázaro continua a repercutir, demonstrando como as obras de Deus podem atrair e transformar as pessoas.
João 12:10 “E os principais dos sacerdotes tomaram deliberação para matar também a Lázaro;”
A reação dos líderes religiosos revela a dureza de seus corações. Em vez de se alegrarem com o milagre, eles planejam eliminar Lázaro para suprimir a evidência do poder de Jesus. Esta oposição marca a crescente tensão que levará à crucificação de Cristo. O conflito entre luz e trevas é evidente aqui.
João 12:11 “Porque muitos dos judeus, por causa dele, iam e criam em Jesus.”
O testemunho de Lázaro leva muitos a crerem em Jesus. Este versículo destaca o impacto duradouro do milagre e a importância do testemunho pessoal na propagação do evangelho. A fé gerada pela ressurreição de Lázaro serve como um prelúdio para a ressurreição de Jesus, que trará salvação a todos os que creem.
Conclusão
O episódio de Maria ungindo os pés de Jesus é um poderoso lembrete da importância da adoração sincera e do sacrifício. Maria nos ensina a valorizar a presença de Jesus acima de tudo, demonstrando que a verdadeira adoração é caracterizada por humildade, amor e devoção total.
A reação de Judas contrasta fortemente com a de Maria, ressaltando a diferença entre a verdadeira devoção e a hipocrisia. Enquanto Judas finge preocupação com os pobres, suas intenções são egoístas e desonestas. Este contraste nos desafia a examinar nossas próprias motivações e a buscar uma adoração genuína.
O impacto do milagre de Lázaro e a subsequente oposição dos líderes religiosos mostram como as obras de Deus podem provocar tanto fé quanto resistência. A ressurreição de Lázaro não apenas trouxe vida a ele, mas também gerou fé em muitos, demonstrando o poder transformador dos milagres de Jesus.
Em última análise, este relato nos chama a refletir sobre nossa própria adoração e serviço a Cristo. Somos convidados a seguir o exemplo de Maria, dedicando o melhor de nós mesmos a Jesus, reconhecendo sua preeminência em nossas vidas e proclamando seu poder e glória através de nossas ações e testemunho.