A narrativa da ressurreição de Lázaro, encontrada no capítulo 11 do Evangelho de João, é uma das histórias mais poderosas e significativas da Bíblia. Este evento não só demonstra o poder milagroso de Jesus Cristo sobre a morte, mas também revela profundas verdades teológicas sobre a fé, a esperança e a glória de Deus. Este estudo bíblico visa explorar em detalhes cada versículo dessa passagem, proporcionando uma compreensão mais rica e contextualizada dos ensinamentos contidos nela.
Ao examinar João 11:1-45, veremos como Jesus se envolve pessoalmente na dor e no sofrimento humano, respondendo com compaixão e autoridade divina. A história de Lázaro não é apenas sobre um milagre físico, mas também uma lição sobre a vida eterna e a confiança em Deus. Ao longo deste estudo, faremos conexões com outros textos bíblicos que complementam e aprofundam a compreensão desta passagem essencial.
João 11:1-2: “Estava então enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta. E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com ungüento, e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava enfermo.”
A introdução menciona Lázaro, destacando seu vínculo familiar com Maria e Marta. Este detalhe não é apenas contextual, mas prepara o leitor para entender a profundidade do relacionamento de Jesus com essa família. Maria é identificada pela sua devoção anterior a Jesus, o que sublinha a proximidade e a importância dessa família para Ele.
João 11:3-4: “Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas. E Jesus, ouvindo isso, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.”
As irmãs de Lázaro enviam uma mensagem a Jesus, evidenciando sua confiança Nele. A resposta de Jesus é crucial, pois Ele prevê que a enfermidade resultará na glória de Deus e não em morte definitiva. Este versículo destaca a soberania de Deus sobre todas as circunstâncias e a intenção de Jesus em usar a situação para revelar Sua glória.
João 11:5-6: “Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. Ouvindo, pois, que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava.”
Embora Jesus amasse Marta, Maria e Lázaro, Ele escolheu permanecer onde estava por mais dois dias. Isso pode parecer contraditório, mas sublinha que os tempos de Deus não são os nossos. A demora de Jesus não é negligência, mas um propósito divino para manifestar Sua glória de maneira ainda mais extraordinária.
João 11:7-8: “Depois disto, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia. Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá?”
Os discípulos estão preocupados com a segurança de Jesus, pois recentemente Ele havia sido ameaçado na Judéia. Este diálogo mostra a coragem de Jesus e Seu compromisso com a missão divina, independente dos riscos pessoais. Também destaca o contraste entre a visão humana limitada e o plano divino mais amplo.
João 11:9-10: “Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.”
Jesus usa uma metáfora sobre a luz do dia para ensinar sobre a importância de caminhar na luz de Deus. Este ensino é paralelo a João 8:12, onde Jesus se declara a luz do mundo. Aqueles que seguem a Jesus têm a luz da vida e não tropeçam na escuridão do pecado e da incredulidade.
João 11:11-13: “Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono. Disseram, pois, os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo.”
Jesus se refere à morte de Lázaro como um sono, indicando que a morte não é o fim, mas um estado temporário. Os discípulos interpretam suas palavras literalmente, mostrando sua incompreensão sobre a ressurreição e o poder de Jesus sobre a morte. Jesus frequentemente usava metáforas para ensinar verdades espirituais profundas.
João 11:14-15: “Mas Jesus dizia isto da sua morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono. Então Jesus lhes disse claramente: Lázaro está morto. E folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis; mas vamos ter com ele.”
Jesus esclarece a situação, revelando que Lázaro está realmente morto. A alegria de Jesus em não estar presente antes da morte de Lázaro aponta para a oportunidade de fortalecer a fé dos discípulos através do milagre vindouro. A ressurreição de Lázaro serviria como um testemunho poderoso da divindade de Jesus.
João 11:16: “Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele.”
Tomé, muitas vezes lembrado por sua dúvida, demonstra aqui uma lealdade corajosa. Sua declaração mostra que, apesar dos medos e incertezas, ele está disposto a seguir Jesus até a morte. Este versículo sublinha a devoção dos discípulos, mesmo quando não compreendiam completamente os planos de Deus.
João 11:17: “Chegando, pois, Jesus, achou que já havia quatro dias que estava na sepultura.”
O detalhe de quatro dias é significativo, pois após quatro dias, não havia dúvida de que Lázaro estava realmente morto, o que tornaria o milagre ainda mais impressionante.
João 11:18-19: “Ora, Betânia distava de Jerusalém quase quinze estádios. E muitos dos judeus tinham ido consolar a Marta e a Maria, acerca de seu irmão.”
A proximidade de Betânia a Jerusalém e a presença de muitos judeus para consolar Marta e Maria ressaltam a notoriedade da família e a gravidade da situação. Este cenário prepara o palco para um milagre que teria grande impacto entre os presentes.
João 11:20-22: “Marta, pois, ouvindo que Jesus vinha, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, ficou assentada em casa. Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estiveras aqui, meu irmão não teria morrido. Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.”
Marta demonstra tanto fé quanto lamento. Sua declaração reflete uma confiança na capacidade de Jesus, ainda que limitada pela sua compreensão humana do tempo e da morte. Ela reconhece o poder de Jesus, mas ainda precisa de uma revelação mais profunda de Sua autoridade sobre a morte.
João 11:23-24: “Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar. Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia.”
Marta entende a ressurreição como um evento futuro, conforme a doutrina judaica. Jesus, entretanto, está prestes a revelar que Ele é a ressurreição e a vida, trazendo essa realidade futura para o presente.
João 11:25-26: “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?”
Jesus faz uma das Suas declarações mais poderosas, afirmando ser a ressurreição e a vida. Esta revelação centraliza a fé Nele como a chave para a vida eterna. Ele desafia Marta a crer não apenas em uma doutrina futura, mas em Sua pessoa e poder presentes.
João 11:27: “Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.”
A resposta de Marta é uma confissão de fé, reconhecendo Jesus como o Messias. Este reconhecimento é crucial, pois a fé em Jesus como o Filho de Deus é o fundamento da vida eterna.
João 11:28-30: “E, dito isto, partiu, e chamou em segredo a Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está cá, e chama-te. Ela, ouvindo isto, levantou-se logo, e foi ter com ele. (Ainda Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara.)”
Marta, após sua confissão de fé, chama Maria para encontrar-se com Jesus. Este movimento prepara Maria para uma experiência direta com Jesus, que será igualmente transformadora e reveladora.
João 11:31-32: “Vendo, pois, os judeus que estavam com ela em casa, e a consolavam, que Maria apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro, para chorar ali. Tendo, pois, Maria chegado aonde Jesus estava, e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estiveras aqui, meu irmão não teria morrido.”
Maria expressa a mesma dor e confiança que Marta, indicando que ambas acreditavam no poder de Jesus para curar. Sua postura aos pés de Jesus revela sua devoção e desespero, buscando consolo no único que poderia trazer esperança.
João 11:33-34: “Jesus, pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito, e perturbou-se. E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem, e vê.”
Jesus, movido pela compaixão e pela dor ao Seu redor, se comove profundamente. Sua humanidade é evidente aqui, mostrando que Ele não é indiferente ao sofrimento humano. Sua pergunta “Onde o pusestes?” demonstra Sua intenção de enfrentar a morte diretamente.
João 11:35: “Jesus chorou.”
O versículo mais curto da Bíblia revela uma profundidade imensa. Jesus, o Filho de Deus, chora, mostrando Sua empatia e compaixão. Este momento sublinha a humanidade de Jesus e Sua solidariedade com aqueles que sofrem.
João 11:36-37: “Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava. E alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse?”
Os presentes reconhecem o amor de Jesus por Lázaro, mas também questionam Seu poder. Esta dúvida ecoa a falta de compreensão plena do papel de Jesus como Senhor da vida e da morte.
João 11:38-39: “Jesus, pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, foi ao sepulcro. E era uma caverna, e tinha uma pedra posta sobre ela. Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias.”
Jesus, movido novamente, dirige-se ao sepulcro e ordena que a pedra seja removida. Marta, ainda presa à realidade física da morte, reluta devido ao estado de decomposição de Lázaro. Isso reflete a luta entre a fé na palavra de Jesus e a evidência tangível da morte.
João 11:40: “Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?”
Jesus lembra Marta de Sua promessa, reforçando a importância da fé para ver a manifestação da glória de Deus. Este versículo encapsula a mensagem central da passagem: a fé precede a visão do milagre.
João 11:41-42: “Tiraram, pois, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste.”
Jesus ora em voz alta, demonstrando Sua comunhão com o Pai e proporcionando uma confirmação pública de Sua missão divina. Esta oração não é para benefício próprio, mas para fortalecer a fé dos presentes, mostrando que Ele age com a autoridade de Deus.
João 11:43-44: “E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, sai para fora. E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir.”
O comando de Jesus e a subsequente ressurreição de Lázaro são o clímax do milagre. A voz de Jesus, que é a voz da vida, chama Lázaro de volta da morte. Este milagre não só confirma o poder de Jesus sobre a morte, mas também serve como um precursor de Sua própria ressurreição.
João 11:45: “Muitos, pois, dentre os judeus, que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele.”
O resultado do milagre é a fé. Muitos dos presentes, ao testemunharem a ressurreição de Lázaro, creem em Jesus. Este versículo sublinha que os milagres de Jesus visam levar as pessoas à fé Nele como o Filho de Deus.
Conclusão
A história da ressurreição de Lázaro é uma poderosa demonstração do amor, compaixão e poder de Jesus Cristo. Ela nos lembra que, mesmo em face da morte e do desespero, Jesus tem a autoridade suprema para trazer vida e esperança. Através deste milagre, Ele não apenas provou Sua divindade, mas também ofereceu um vislumbre da ressurreição e da vida eterna prometida a todos que creem Nele.
Além disso, a narrativa destaca a importância da fé. Jesus reiteradamente chama Marta e os outros presentes a crerem antes de verem o milagre. Esta lição é relevante para todos os crentes, lembrando-nos de confiar em Deus mesmo quando as circunstâncias parecem impossíveis.
Este milagre também prefigura a própria ressurreição de Jesus, que é o evento central da fé cristã. Assim como Lázaro foi chamado da morte à vida, todos os que estão em Cristo são chamados a uma nova vida, livres das amarras do pecado e da morte.
Finalmente, a ressurreição de Lázaro é um convite à reflexão sobre nossa própria fé e esperança. Somos chamados a crer que Jesus é a ressurreição e a vida, confiando que, através Dele, temos a promessa de vida eterna. Que possamos, como Marta, declarar com confiança: “Sim, Senhor, eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.”